quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lúdico, Fantasia, imaginação e muito mais


Eu sempre quis fazer isso! Todo mundo já falou essa frase pelo menos uma vez na vida. Mas nem todos deram a devida atenção a ela. Se você tem vontade de toma banho de chuva ou de brincar de amarelinha no meio da principal avenida da sua cidade, por que não faz?! Os princípios de conduta social algumas vezes acabam por castrar uma das manifestações mais importantes e essenciais ao desenvolvimento humano: a ludicidade.
Nelson C. Marcellino, Doutor em Educação e Livre docente em Educação Física e Estudos do Lazer, em entrevista especial para a Beleza Pura!, ressaltou que “o lúdico é um direito do ser humano, simplesmente porque contribui para sua humanização, traz prazer, traz felicidade e contribui para sua cidadania.”. Mas no dia-a-dia, geralmente negligenciamos esse direito. A vergonha de ser ridículo, o medo de ser criticado, a preocupação excessiva com o trabalho e tantos outros motivos que usamos para justificar nossa falta de ludicidade acabam explodindo em estresse, mau humor, brigas e até mesmo violência.
Mais do que diversão, as manifestações lúdicas constituem a base da cultura humana segundo os estudiosos Johan Huizinga (professor e historiador neerlandês, autor do livro “Homo Ludens”) e Donald W. Winnicott (psicanalista inglês autor do livro “O Brincar e a Realidade”). Para eles uma criança que não brinca, será o adulto não participativo e não criativo culturalmente. E o homem é, por natureza, um ser cultural. Dessa forma, nos faltando o lúdico, nos faltará nossa característica maior de humanidade: a capacidade de fazer cultura.
Sendo assim, por que temos tanta dificuldade em vivenciar o lúdico? Sarah Andrade, fotografada em um de seus momentos lúdicos, não tem medo de ser feliz. E você? O que você sempre quis fazer para ser feliz? Mergulhar de roupa numa piscina? Correr pelado no meio da floresta amazônica? Comer um quilo de chocolate de uma só vez? Bom, eu fiz essas cosias… e recomendo. Durante a atividade lúdica podemos experimentar uma das poucas oportunidades de sermos plenos, pois acessamos os nossos sentimentos mais profundos e sinceros.
Cipriano C. Luckesi, Doutor em Educação e vice-coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Ludicidade da UFBA, afirma que durante as atividades lúdicas “ o ser humano, criança, adolescente ou adulto, não pensa, nem age, nem sente; ele vivencia, ao mesmo tempo, sentir, pensar e agir.”. E complementa: “Enquanto estamos participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na nossa experiência, para qualquer outra coisa além dessa própria atividade. Não há divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis”.
Muita gente costuma dizer que o lúdico é a fuga da realidade. Mas particularmente prefiro pensar em vivência da sua verdadeira realidade, sem se preocupar com preconceitos, pudores, medos, vergonhas ou qualquer outro artifício coercitivo criado pelo homem para moldar sua conduta social. Vivenciar o lúdico é estar feliz. Então, permita-me, caro leitor, um instante de ludicidade para fugir das convenções jornalísticas sacramentadas nos manuais e relatar uma experiência pessoal que julgo ser pertinente para exemplificar o que acabo de afirmar. Certa vez na praça de alimentação de um shopping da cidade, estava eu ouvindo um cantor entoar canções antigas e excessivamente bregas. Embora eu gostasse da maioria delas não me permiti o ridículo de ser visto cantando nenhuma. Mas do outro lado, observei uma jovem senhora de pouco mais de 40 anos, com um vestido vermelho berrante e colares escandalosamente chamativos, cantando e dançando sozinha, sem se preocupara com as risadas e comentários de reprovação. Depois de uns poucos minutos me perguntei: Quem de nós é feliz nessa história? Eu, aqui com esse chopp quente louco de vontade de tirar aquela senhora para dançar; ou ela, que está se permitindo curtir sua alegria ao máximo?



Por Tullio Andrade

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